A Eternidade dos Momentos
 
 
Sempre tão belos são os primeiros momentos de uma relação.
Tanto encanto existe, que tudo parece ficar mais bonito.
Quanto compromisso sem contrato, quanto ser sem combinar.
Quão fácil tudo parece, tão simples se faz renunciar.
 
Como que pacto pelo bem viver, a carícia alimenta o afeto.
E o afeto produz o carinho, e o toque ganha sensualidade.
Mas o sensual se acanha frente a estranho pudor,
como se o outro fosse especial, assim se tornando também.
 
Qual recanto íntimo e secreto não é visitado por sentimentos,
qual espaço do ser não recebe um pouco de luz desse encanto?
São sementes plantadas na memória, lembranças para o futuro. Tesouros guardados em dois corações, patrimônio íntimo.
 
Conto de Fadas, ilusão que invade o cotidiano, tintas da emoção.
Cores intensas que justificam os poderes da paixão desperta.
Não se ama sem ter conhecido a paixão, não viveu quem não a teve.
São toques de epidermes sensibilizadas, de ideias telepáticas.
 
Um ponto em comum, um lugar que é somente dos dois.
Os momentos particulares, os perfumes, os gestos, as flores...
Em algum lugar, num banco de jardim, num leito de quarto,
tudo ganha transcendência, ganha ares de memória.
 
É sonho vivenciado, ilusão que se inflama em algo concreto.
É mundo imaginário a transbordar no universo real.
E se descobre a beleza que antes parecia estar invisível.
Primeiros dias de um amor, e tudo parece se renovar.
 
Mas isso não há que ser um vício, um prazer fugaz.
É preciso guardar a satisfação nos tecidos etéreos do coração.
Ali deixar escondidas estas raras jóias de afeto,
pois serão sublime remédio contra o tédio do passar do tempo.
 
Uma relação só sobrevive quando o amor é seu guardião.
Só se mantém viva quando a fonte da nascente se faz viva.
Só continua a existir, alimentado-se, criando novos momentos,
pedaços de vida com graça dos seus primeiros dias.

 
 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 21/05/2009
Reeditado em 08/07/2009
Código do texto: T1607349
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