Vestígio
Uma face estranha entreabriu-se corpo afora
num largo sorriso recente.
Fez-se nostalgia sem indícios de
dor ou mesmo mágoas.
Suavizou-se ante e perante a meiguice
tenra de uma lágrima a transformar-se
em pranto doce. Murmurou-se no escuro de quatro
paredes um canto sofrido , inacabado.
As andorinhas alçaram um vôo
alegre , divertido , risonho.
Subiram céu acima das nuvens e planaram
sem destino ao contemplar a
ausência de um alguém qualquer
nas entrelinhas do medo.
Era noite em meu viver e as estrelas
explodiram em cores , tons inesquecíveis
aos olhos , perto do coração.
E sorriu-se como jamais pensou
cada um em cada vida.
O momento ressurgiu entre gritos abafados
e exclamações de admiração.
Era dia e o sol voltou a brilhar
transformando em ouro róseo cada orvalho
da madrugada , toda a paisagem existente.
Sentia-me livre na essência do partir,
na busca do inacabado.
Ressurgiram mil idéias loucas ,
fora do normal. E na dança das flores
alguém estendeu os braços
para a sintonia que ecoava
fundo na alma. E lençóis brancos
anunciavam em uma cama as cenas vivas
de um grande passado de amor.
Cortinas quebrantavam-se ao fluxo do vento.
Lá fora as árvores curvavam-se ante o
espetáculo novo e crucial do amanhecer.
no intrínseco do meu ser
contive o espanto e ao ver a porta
entreaberta percebi que você , naturalmente , partiu...