Voo rasante
Meu sentido fez-se presente nas águas do mar,
no além sorriso de saber que você existe.
Sobrevoei tantas passagens e adquiri tanta
ilusão. A você fiz chegar meu íntimo como
a um amigo próximo , partida inquieta.
Na solicitude do meu viver encenei peças
sem vida, simples teatro sem tom.
Nas cores do meu olhar colori a sua
chegada como fazem as andorinhas
no verão. E elas passaram. Nos caminhos
que percorri a suavidade das flores
em seu rosto encontrei , a doçura do mel
em seus beijos provei. As denúncias do que
não existe principiou o fim de um
recomeço. Nas estradas que como andarilho
trilhei foi-se a certeza de você fugir e
Não mais voltar. Por isso sou como as andorinhas ,
pois sei que uma só não faz verão.
O vento que sopra leva meu pensamento a
tempos distantes e posso, além do horizonte ,
ver desenhar-se no céu seu rosto , sua face
triste-doce. Sou como os retalhos de luar,
o entrecortar das estrelas num respaldo neutro
e indefinido. Na cumplicidade dos meus
passos corro em sua direção , vago sozinha.
E na reação dos meus impulsos sou
como uma águia que não tem onde pousar.