Voo rasante

Meu sentido fez-se presente nas águas do mar,

no além sorriso de saber que você existe.

Sobrevoei tantas passagens e adquiri tanta

ilusão. A você fiz chegar meu íntimo como

a um amigo próximo , partida inquieta.

Na solicitude do meu viver encenei peças

sem vida, simples teatro sem tom.

Nas cores do meu olhar colori a sua

chegada como fazem as andorinhas

no verão. E elas passaram. Nos caminhos

que percorri a suavidade das flores

em seu rosto encontrei , a doçura do mel

em seus beijos provei. As denúncias do que

não existe principiou o fim de um

recomeço. Nas estradas que como andarilho

trilhei foi-se a certeza de você fugir e

Não mais voltar. Por isso sou como as andorinhas ,

pois sei que uma só não faz verão.

O vento que sopra leva meu pensamento a

tempos distantes e posso, além do horizonte ,

ver desenhar-se no céu seu rosto , sua face

triste-doce. Sou como os retalhos de luar,

o entrecortar das estrelas num respaldo neutro

e indefinido. Na cumplicidade dos meus

passos corro em sua direção , vago sozinha.

E na reação dos meus impulsos sou

como uma águia que não tem onde pousar.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 20/05/2009
Código do texto: T1605122
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