MINA D'ÁGUA

Vou superar as revoltas e mágoas

e permitir sentimentos mais brandos;

os meus dramas todos e as lutas árduas

hão de acatar só os ternos comandos.

E se acaso em brasas, ardentes fráguas

os vis lançarem meu corpo em desmandos,

converterei faíscas em minas d’água

e vou teimar, vou persistir amando.

Não mais sofrerei torturas de quando

toda maldade do mundo deságua

em meu grito a se calar afogando.

Sim, vou polir minhas pedras e lascas

e, encerrados os instintos insanos,

fluir o que é digno num ser humano.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 20/05/2009
Reeditado em 05/10/2010
Código do texto: T1604183
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