MINA D'ÁGUA
Vou superar as revoltas e mágoas
e permitir sentimentos mais brandos;
os meus dramas todos e as lutas árduas
hão de acatar só os ternos comandos.
E se acaso em brasas, ardentes fráguas
os vis lançarem meu corpo em desmandos,
converterei faíscas em minas d’água
e vou teimar, vou persistir amando.
Não mais sofrerei torturas de quando
toda maldade do mundo deságua
em meu grito a se calar afogando.
Sim, vou polir minhas pedras e lascas
e, encerrados os instintos insanos,
fluir o que é digno num ser humano.