De Volta Pra Solidão
DE VOLTA PRA SOLIDÃO
Por mais que o cheiro de despedida
fizesse marejar tua face,
nada fizeste para que esse amor não acabasse.
Vou me vacinar para não chorar quando partir;
me energizar para não me partir aos pedaços
quando tiver que ir.
Vou recolher os estilhaços
E, correndo, voltar para os braços
da minha amiga solidão.
Hei de aprender não mais sonhar em vão.
Sinto o efeito da onda de arrebentação
a explodir no meu peito
resíduos de saudade, angústia e paixão.
E daí, já sem jeito,
um rasgo de dor se formou em meu coração.
Retrato em branco e preto
do teu estranho amor.
E o meu amor menino
viu-se abortado – vilmente assassinado,
pelas mãos tuas e do destino.
E em cova rasa
tenho de enterrar este amor,
que tanto me fascinou.
Tenho que voltar para casa
e nem sequer posso chorar,
nem sequer posso me queixar
pois a vida tem que seguir,
mesmo sem saber por onde ir.
Com esse amor enterrei o meu verso
que gerou enorme ferida aberta.
Também enterrei toda a ilusão
juntamente com minha alma de poeta.
Não quero mais sonhar em vão.
Só me resta recolher os estilhaços
E, correndo, voltar para os braços
De minha antiga solidão.