Um Poema para uma Poesia
Eu quero escrever um belo Poema
Para dar de presente a uma Poesia
Que anda se sentindo sozinha e vazia
Num caso muito triste de falta de fonema
Acontece que anda sem Poema ela.
Porque ficou com muitas seqüelas
Da última relação que vivenciou
Com certo texto que a enganou
Era um texto muito complicado
Cheio de ficção e mal explicado
Desses que deixam todo mundo tonto.
Ela misturou-se com um certo Conto
E sonhou uma história tão maravilhosa
Na qual casaria com ele em Poética Prosa
E teriam muitos Haikais e Poemetos
Que ninariam felizes até dormirem Sonetos
Mas é que o Conto mentiu ser de fadas
Daqueles de princesas belas desmaiadas
E no final era uma história de terror
De apenas tristezas em lugar do Amor
Eu quero ver se o Poeminha a salva
Vindo montado em folha-égua alva
Para beijá-la e devolver à vida
A Poesia que dorme sem amor tecida
Não tem tinta azul o Poema ou fineza
Nunca desfilou nos livros das altezas
E não pertence à corte literária
Mas não vai deixá-la em torres, solitária.
É textinho plebeu, de Amor operário
Não como o tal nobre Conto que era do vigário.