As Palavras Nascidas do Silêncio
 
O cotidiano é feitor das emoções,
chicoteia as suas costas, que ficam feridas.
É um viver mecânico que mata a poesia,
é algo indiferente que esvazia a alma.
 
Mãos de aço esmagam os sentimentos
e o tempo corrói os carinhos e afetos.
Homem e mulher se fazem estranhos,
tão íntimos, e tão distantes um do outro.
 
Não há ilusão que resista a realidade tão dura.
Tenta-se buscar palavras, mas não há diálogo.
Em vez de comunicar-se, apenas silêncios,
entre dúvidas e porquês, não se entende.
 
Difícil não se irritar, trágico se calar.
Inevitável mastigar os gritos.
Mastigam-se as palavras, engolem-se as sílabas,
e planta-se no rosto um sorriso tolo.
 
Então, por um instante, parar,
olhar cuidadosamente sua expressão feminil,
descobrir seus olhos untados de lágrimas,
e dizer, então, que está tudo bem.
 
O que está bem?
O importante é conciliar,
é buscar um meio de se aproximar,
e quebrar as barreiras.
 
É trocar o silêncio
pelo murmurar de palavras de amor.
De encontrar água onde se tinha deserto,
de ter nova oportunidade, chance única.
 
Quem quer amar,
que aprenda a perdoar,
a si e ao outro,
é chave da libertação.
 
Quem quer amar,
que aprenda a agradecer,
pois na gratidão está o milagre,
pois que faz rico quem doa.
 
E amor é doação,
amor é renunciar,
e ser alvo de renúncia.
É ser único, em meio a muitos.
 
 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 19/05/2009
Reeditado em 19/05/2009
Código do texto: T1603525
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