AMOR E ÓDIO...

Aquele homem assassinou

a serenidade do seu sexo.

Ele era bruto, forte e feio.

E você gostou daquela ferocidade,

você cedeu àquela fortaleza.

Você chegou a ver encanto

onde nem havia beleza.

Aquele homem roubou

a pureza de suas entranhas.

Ele te fez mulher...

E você se contorceu, gemeu,

você se entregou e gostou.

Sentiu um prazer assustador

que nem ele mostrou que sentiu.

Aquele homem jamais saiu

de sua memória.

Ele a persegue.

Você ainda ouve aquela voz,

você ainda sonha com a cena.

Você sozinha ainda

se contorce e geme,

sente a mesma dor,

goza o mesmo gozo.

Incrível!

Você ainda faz amor com ele,

mesmo com ele ausente fisicamente.

Aquele homem deixou

em você um pouco dele.

Você se lava,

mas não se limpa,

e nunca se livra

daqueles restos.

Ele é o espectro do seu pesadelo.

Ele é a imagem que surge hoje

quando você fecha os olhos.

Ele é miragem e lembrança,

seu passado e seu presente.

Estranhamente ele é o homem

de quando você faz amor sozinha.

O que você sente por ele,

é alguma coisa que se situa

no ínfimo território que existe entre

o amor e o ódio.

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 19/05/2009
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