a manga no cacho
“água sobre o açude
te amo te amo te amo...”
a mim nunca ilude
a tua presença que molha-me
todo e a tudo que vejo
molha até o desejo
que tento manter escondido
molha meu sexto sentido
como se eu fosse mulher
porque sei que você me quer
porque você em tudo está
na planta, na flor e no vento
no quadro que não sei pintar
mas que imaginei no intento
de como poder te agradar
na chuva, na manga no cacho
na margem de algum riacho
na tela do computador
em tudo só vejo a dor
de um dia não poder te ver
mas se isso me acontecer
ainda assim vou gostar
pois sigo a te imaginar
como a marca da aparição
que sempre pode acontecer
com ou sem inanição
basta que eu siga a viver
e, enquanto viver, esperar
Rio, 31/08/2007