O RIO
Sinto minar o amor na pele pálida,
uma gota doce, viscosa e cálida...
Num segundo, já é rio caudal,
famélica, enorme língua fluvial!
Em curso de correntezas velozes,
derrama-se em cataratas ferozes,
dissolvendo fronteiras e trincheiras,
tiranias, dinastias inteiras!
A lamber seivas, maldosos destinos...
A varrer seixos, vaidosos caminhos...
Lacerando atos, valores daninhos...
Mas as terras férteis das suas margens,
a conter a fúria em sua passagem,
concedem vida a sublimes paisagens...