O RIO

Sinto minar o amor na pele pálida,

uma gota doce, viscosa e cálida...

Num segundo, já é rio caudal,

famélica, enorme língua fluvial!

Em curso de correntezas velozes,

derrama-se em cataratas ferozes,

dissolvendo fronteiras e trincheiras,

tiranias, dinastias inteiras!

A lamber seivas, maldosos destinos...

A varrer seixos, vaidosos caminhos...

Lacerando atos, valores daninhos...

Mas as terras férteis das suas margens,

a conter a fúria em sua passagem,

concedem vida a sublimes paisagens...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 18/05/2009
Reeditado em 12/11/2010
Código do texto: T1600242
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