Duas Faces de um Único Ser
 
Quero apenas te querer, e se isso não te basta,
então tudo haverá de ser sempre muito pouco.
Nada te ofereço senão dividir o meu caminho,
minha aventura, meu confronto com o destino.
 
Não queiras possuir meu coração,
pois nem mesmo eu o tenho.
Pois que é como cavalo bravio a ser domado,
porém te entrego minha promessa, minha palavra.
 
Caminhos cruzados, passos trocados,
não posso te prometer paz, mas dedicação.
Não me permito jurar ser eterna verdade,
mas terás de meu coração franca sinceridade.
 
Não assino papel algum, mas guardo-te em meus lábios.
Gravo o aroma de meu perfume em tuas narinas,
E roubo o teu cheiro de ninfa nos etéreos sentidos.
Não te engano, também não me enganas.
 
Temo te perder, assim como temes que eu vá.
E nesse jogo de posses, nesse possuir cheio de sutilezas,
brincamos um jogo de liberdade, fingimos descaso.
Mas estou sempre a te olhar, e estás sempre a vigiar.
 
Nem a distância separa,
pois em tua ausência, te fazes presente.
Dominas a memória, esculpes a saudade,
burilas num frio cristal o calor do desejo.
 
Amigos do destino, inimigos da predestinação,
construímos o cotidiano, almejamos o eterno.
Brincamos de viver nos jogos da efemeridade.
Tu falas da força do mar, e eu da graça das montanhas.
 
Me embriago do teu ser, me satisfaço de ti.
E também quero satisfazer-te, embriagá-la,
seduzir-te a cada momento, para depois sorrir para ti
para que vejas em mim o menino que está no homem que sou.
 
A vida é uma aventura, é força que desafia o domínio.
E eu talvez saiba da força, mas tu sabes da beleza.
Eu me esforço em razão, mas aprendo de ti o amor.
Eu sou apenas parte, mas contigo sou todo.

28/01/1981
 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 17/05/2009
Reeditado em 01/03/2015
Código do texto: T1599873
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