Tauromaquia

A Praça: “ El Baile de las Estrellas”

A cortina sonora um flamenco

Todos pares do baile o elenco

O lindo: a bela boca e a saia vermelhas

E a beleza acentuada pelas sobrancelhas...

Dois acentos negros circunflexos

Setas indicando a morada da razão

Que alertava dos possíveis reflexos

Se a dança contrariando os nexos

Cumprisse as ordens do seu coração

Mas eu, um basco, com sangue de Miúra

Rebentei a casco o portão do curral

E enfrentei de frente aquele olhar fatal.

Escarvoei na areia e fui à criatura

Que elegante e com desenvoltura

Transformou em capa o vestido vermelho

Fez de bandarilla o leque que fechava

Me vi em seus olhos, um partido espelho

E cada vez que eu touro a atacava

Abanava um não em sinal de conselho

Mas não aceitei, ela não tinha anel

E se não tinha, razão não havia

Para ser aquela toureira tão fria

Que tinha os olhos bem da cor do mel

Decidi morrer naquele redondel

Se preciso fosse, como o “Almendrito”

Que foi estocado quarenta e seis vezes.

Mas eu não queria só morrer bonito

E lutaria tudo como poucas vezes.

Queria morrer, mas como o Rei das reses.

Segui no ataque e com gesto estudado

Planejei com calma a última carreira

Se errasse aquela perdia a Toureira

Beberia a areia o meu sangue encarnado

Mas por milagre eu fui indultado

Como fizeram com o “Jaquetón”

Que ganhou o indulto por tanta nobreza

E eu por lutar fui elevado à Alteza

Ganhando um beijo num lenço a batom

Escrito: “Tuyo es mi Corazón”.

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 16/05/2009
Reeditado em 15/11/2012
Código do texto: T1597625
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