Gênese

No princípio na imensidão etérea

As energias viajavam sem curvas

Nas sem início ou fim estradas turvas

Comendo espaços com bebida aérea

Sem os duros obstáculos da matéria.

Eram brilhosas flores no jardim profundo

Não havia infelicidade no sem-fundo

Apenas essa maravilhosa Ordem

Que embora os micro olhos não concordem

Em forma de caos era ordenado o mundo

Não havia machos nem havia fêmeas

Fortes e sensíveis por multipolares

Viajavam em feixes unidas aos pares

Jamais procurando suas ondas gêmeas

Para amor narcisista na cósmica boêmia.

Todas se igualavam não havia incauta

Que se impusesse em freqüência mais alta

Induzindo às outras a se anularem

Para dentro delas nunca mais vibrarem

Em nome de amores com amor em falta

Não só com beijos de bocas de atores

Nem abraço de braços curtos limitado

Como dois “presentes” no futuro sem passado

Sem conquista domínio ou conquistadores

Com todas extensões dando-se aos amores

E por mais profundo que fosse o abismo

Riam-se do “tudo” amando-se em paralelismo

Cada uma se mantendo plenamente inteira

Na aceitação e no perfeito amor sem fronteira

No que de “nada “ só o tempo a forma e o egoísmo.

As energias é que fazem o amar ser louco

A mais maravilhosa e doce das loucuras

Que não precisa de retorno nem de juras

É dívida que se paga sem esperar o troco

É bem que só faz mal quando for pouco

Dor que só não dói quando não for

Medo que sendo de perda torna-se pavor

Ausência que dá felicidade por memória

Batalha em que só vence e vive a glória

O perdedor que se entrega ao seu amor.

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 16/05/2009
Reeditado em 13/01/2015
Código do texto: T1596879
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