Amor rejeitado
O velho pobre e cansado,
Vagando de rua em rua,
De porta em porta,
Sendo escorraçado.
Parecia mesmo obstinado,
Em aceitar qualquer esmola.
Dão-lhe as costas,
Mesmo assim, ele implora.
Carência de alimento,
Sem poder suprir seu sustento,
Ele vai vazio, vadio,
Contra o tempo sob o vento,
Que sopra maldades
Verdadeiras navalhas,
Que a pele esfola,
Laminas que cortam
Os pés exaustos,
De correr atrás do sonho,
Mortos, pisando no gramado.
Da existência que se renova.
A revolta o derrota,
A esperança jaz morta,
Nada mais importa,
Enfim a nau aporta.
Pobre velho abandonado
Ao relento, sem abrigo,
Sem coberta, sem amigo,
Sem afeto, sem carinho,
O velho mendigo revive
Nas lembranças do passado
Um futuro iluminado
Sem ter começado.
Andrajoso, quase mutilado.
Nos desejos inundados
Ele foi rejeitado
Pobre sentimento tão maltratado
Pelo ser humano desprezado
Numa busca eterna, infinita,
Sem jamais ser desencorajado
Ele segue adiante, determinado,
A outros lares então bater
E nesta busca, neste viver.
Tão solitário, não esquece seu dever.
Mesmo tendo sido o amor rejeitado.