Lentamente viajo dentro de mim...

Lentamente

Viajo para dento de mim...

Percebo meus sentimentos todos

E tenho consciência de que sou tola...

Bandeiras desfraldadas no passado

Querem ser hasteadas novamente...

Meu ventre ondula amor em sua paixão...

Meus braços estão sempre abertos para ti,

E meus lábios entreabertos ao teu beijo...

Ouço sinos: dobram finados...

Tocam sons desafinados

Pois estou em sintonia diferente...

Queria que fôssemos uma grande sinfonia

Com o vigor do Guarani,* a protofonia,

Terminando num acorde magistral...

Mas minha orquestra perdeu-se nos caminhos

E as pautas com velhas melodias

Incineramos todas...

Hoje não passo de uma sombra,

Diferente da que cantava nos salões...

- Daqui pra frente espero muito pouco!

Bem que eu queria despedir-me deste louco

Amor que por ti acalentei...

Os sinos dobram finados

E eu toco a Marcha Fúnebre...

Chegou a hora do Réquiem...

- Mas, mesmo assim, sabendo tudo

Não tenho como negar que eu te amei!...

- Amei?... Amo cada vez mais a cada instante!

Mesmo sabendo que de mim estás distante,

Tu és aquele por quem choro e chorei...

- Não há cortejo fúnebre que mate este amor!

Nem mesmo a Morte, com o seu horror

Há de afastar-me daquele que eu amei!...

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* Nora da Autora: alusão à belíssima Protofonia da Abertura da Ópera O GUARANI, do grande compositor brasileiro, CARLOS GOMES. É de uma beleza magistral, vibrante, apaixonada, sonhadora, suave e pura por vezes e terminando com uma apoteose de sons!

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 14/05/2009
Código do texto: T1593692
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