Hemisfério Virginal

"E eu era mais uma moça,

Uma virgem com palavras repetidas

Atitudes retraídas

Vontades traídas

Preces Pagãs...

Perdida numa das escuridões

E você era o sol

Que nunca nascia

Iluminando outro hemisfério do globo...

E eu queria apenas dizer “adeus”

Mas ele simplesmente

Não vinha...

Não havia auroras

Nem crepúsculos

Isso era vocabulário novo, nunca visto, nunca dito

Pela a Virgem em uma das Escuridões...

Mas em uma das noites

ELE,

O SOL

Veio

Simplesmente, nasceu...

E enquanto ele iluminava a virgem

Tanto seu calor suave

Quanto seus raios ultra-violetas

Lhe faziam bem...

Mas ela sabia que logo aquilo acabaria

E o Sol voltaria ao outro hemisfério...

Quando chegou o crepúsculo

Ela viu que não queria perdê-lo

Ela não podia perdê-lo

Coitadinha...

Ela não sabia que o Sol não queria deixá-la

Ele nunca mais voltaria a nenhum outro hemisfério

Então a Virgem por orgulho,

Talvez por medo

Regressou a sombra de uma árvore

Procurando mais uma vez sua escuridão de alma

De uma vida passada.

Porém quando ela descobriu que seu Sol não a deixaria

Ela já o havia magoado

O Sol não a perdoaria por ter regressado à Escuridão...

Então, nossa Virgem esvai-se

Quebra suas asas

cai...

Já sabendo que seu Sol não a perdoará

Ele nunca a perdoaria...

Porém

O Sol, o perfeito

Profusamente cintilante e magnífico Sol

Ama a doce Virgem

Aquela pobre Virgem da Escuridão

Quando ela olha o céu

Ao crepúsculo

Grita ao Sol que o entenderia se fosse

Mas que nunca, nunca mais

Iluminaria-se novamente

Que nunca outro Sol a tocaria...

Que não havia, pra ela, um outro sol.

Já convencida que ele iria

Virou-se

Dando passos ao encontro da Floresta

Sua Floresta de Escuridão

Com suas serpentes

Seus ratos

E seus medos

Mas o Sol,

O Sol a amava

Como ele disse nunca a deixaria ir

Sempre seguraria em seus braços

Pedindo que ficasse...

Assim, ele o fez

Não sabia parar de olhá-la

Não conseguia deixá-la ir

Aquela Virgem de grandes olhos

E beijos que queimavam mais que suas próprias explosões...

Ela tinha seu coração

Ele tinha seu coração

Havia ali o Amor

Amor que nenhum outro hemisfério ainda o havia proporcionado...

Amor que a Escuridão a proibia

Canções ensinadas por profetas medievais os embalavam

E era tão bom o perdão

E era tão bom o amor

O retorno

Como era bom pertencerem a si mesmos denovo

O Sol e sua Virgem

Uma só lágrima

Uma só corda vocal

Uma só prece

Tão diferentes

Um Sol e uma Virgem

Tão diferentes

Mas

Um só...

Ela era agora uma moça

de olhar mudado

Não mais pertencia à Escuridão

E ele era só daquele hemisfério

Nunca mais voltaria a um outro

Por Amor

Caminhando os dois juntos

A caminho de onde??

Nunca se soube...

Nunca se saberá...

Talvez, quem sabe...

Valhalla..."

Lóri
Enviado por Lóri em 13/05/2009
Código do texto: T1592852
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