Estrangeiro, esse amor...
O amor chegou assim com o pé na porta,
sem puxar cadeira ou ligar antes marcando hora,
trouxe surpresa, medo, conflito e inconstância,
não retomou as narrativas literárias ou cinematográficas,
agiu como um bárbaro em terras civilizadas,
destruindo certezas e convicções, expondo fragilidades,
trouxe dor e marcou território com bandeiras cravadas,
deixou de joelhos mesmo os mais árduos infiéis,
selou com a brasa da espada corações aflitos,
tatuou seu poder sem importar-se com um final feliz...
O amor esse estranho estrangeiro de uma ilha distante,
sentimento acuado no frio gélido de uma montanha solitária,
tomou seu trono sem cerimônias ou respondabilidade de mando,
espalhou exércitos pela vastidão de um mapa nunca antes cartografado,
sem vilões à serem combatidos por heróis de armadura em torneios de justas,
sem trilhas sonoras com baladinhas à envolver a cena de um beijo,
sem um luar rodeado de estrelas para compor o cenário sonhado,
no sorriso sarcástico de um rei que se impõe sobre mortais ignaros de sua existência,
abriu as comportas da cachoeira represada com muito esforço por um sólido trabalho,
afogando na correnteza da vida as velhas idéias que cederam espaço ao desconhecido em mim...