CÁRCERE

Desejo proteger-te do calor, do frio,

de chuva, ventania, dos riscos de excessos,

mas reclamas que impeço teus livres acessos,

que privo-te do dia, luzes, sou sombrio.

Beijo-te com ardor, com flores nos meus lábios

e tu então te calas, presa na mordaça

deste meu sentimento que firme te enlaça,

não deixa que tu vivas dons de amores sábios.

Tens a soberania sobre o meu ser,

és o meu alimento e és respiração,

eu sugo em ti a força pra qualquer ação.

Mas tu choras, protestas, querendo viver.

Perdão por pretender amar-te assim demais,

sim, porque a mim mesmo, eu amei jamais.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 13/05/2009
Reeditado em 14/10/2010
Código do texto: T1592069
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