CÁRCERE
Desejo proteger-te do calor, do frio,
de chuva, ventania, dos riscos de excessos,
mas reclamas que impeço teus livres acessos,
que privo-te do dia, luzes, sou sombrio.
Beijo-te com ardor, com flores nos meus lábios
e tu então te calas, presa na mordaça
deste meu sentimento que firme te enlaça,
não deixa que tu vivas dons de amores sábios.
Tens a soberania sobre o meu ser,
és o meu alimento e és respiração,
eu sugo em ti a força pra qualquer ação.
Mas tu choras, protestas, querendo viver.
Perdão por pretender amar-te assim demais,
sim, porque a mim mesmo, eu amei jamais.