A NOITE DE ONTEM... (Poema escrito em 1968)
Ontem à noite
Sabia-te perto,
Mas eu não te vi.
O claro da lua
Só havia a esconder.
Na noite distante,
Inquieta, flutuante,
Tentei te encontrar.
Teu vulto de lua
Na noite profunda
Impossível achar...
Na noite, sentida,
Infeliz, magoada,
Tentei te buscar.
Procurei o teu rosto
Na estrela pequena
Que teimava sorrir:
Não consegui te avistar...
Na noite enluarada
Da lua prateada,
Saí a caminhar
Por dentro de mim:
Caminhei pelas ruas
Com lágrimas tuas
A rolar pela face...
Na noite perdida
Quedei-me sozinha
A pensar em teu rosto
Tão terno, tão meu...
Então, de repente,
Sem que aparecesses
Quedei-me sozinha
De novo no quarto
De onde eu não saí,
A pensar e a sonhar...
E sem nem me dar conta
Adormeci a chorar...
Eis que, de repente,
Alguém pela casa
Diz: - Ele chegou!...
(- Estavas com febre
Na noite de inverno
E, mesmo assim,
Tu foste me ver!)
Preocupada contigo
E feliz por teu gesto
Encheu-me a ternura...
- Eu sofro tuas dores!
A casa tão velha
E o velho sofá
Se encheram de luz...
Quisera eu contigo
Toda noite ficar...
Mas... – “São horas!”
E a nós cabia
Só obedecer...
E na noite gelada
Tiveste que ir...
E eu fiquei te acompanhando da porta
Até que dobrasses a esquina...
Porque eu sabia
Que voltarias o rosto
Para ainda me olhar...
E assim foi... Meu amor...
E eu te prometo
Que, para sempre,
Eu te hei de amar...
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Nota da Autora: estou postando versos há muito tempo escritos, sem modificá-los; sonhos de uma adolescente, talvez, mas que tem em minha vida um grande significado.
Afinal, são “histórias de mim...”