A História de Dois Corações

Vagavam perdidos pelo mundo 
dois corações solitários.
Por se sentirem incompletos 
buscavam par complementar.
Supondo-se apenas parte de um todo, 
desejavam se integrar.
Habitavam cada um uma alma. 
E no meio de tantas outras,
pressentiam haver uma única 
que satisfaria os seus anseios.
Sabiam que em um único 
haveria oculto o tesouro do existir.
Mas como encontrá-lo, como descobrir

a identidade companheira?
Como desvendar 
o par que compartilhava

dos mesmos ideais?
De tanto se questionar, 
um dia uma possível resposta.
Talvez a chave

do encontro estivesse na alma 
que emana do olhar.
Mas como encontrá-lo 
em meio a tantos outros? Nova dúvida.
Não era suficiente, 
embora fosse claramente a chave única.
Era preciso crer que o acaso 
obedece à ordem do destino.
Assim, aguardar, 
numa espera subjetiva, 
cheia de expectativa,
aceitando a limitação de si 
e aguardando o encontro esperado.
Enquanto isso, nada a fazer 
senão proteger a sua semente vital,
sonhando com o solo 
preparado para germinar

os desejados frutos.
Com certeza,
um dia há de ocorrer 
o pressentido encontro.

Concretizarão juras.
Então duas vozes 
falarão por agradável murmúrio,
confessarão o amor

oculto em cada um, 
trocarão promessas.

E passarão a ser um
a partir deste encontro.


Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 11/05/2009
Reeditado em 08/09/2009
Código do texto: T1588718
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