NÃO SOU OTELO
assim, estamos Nós Dois, à beira deste lago,
onde minha MUSA me olha, a tanger a Lira,
(talvez que um outro instrumento eu prefira)
nada digo, não sou Otelo, e tampouco Iago;
apenas a Sua Imagem em meu cuore trago,
(não deixo que uma outra qualquer interfira),
e, mesmo a 'sombra' que outrora disso rira,
concorda, e, embora rude, faz-me um afago;
a Melodia pára, a MUSA quer me dizer algo,
eu é que, enlevado por ELA, fiquei a sonhar,
se, para ter o Seu Amor, deverei ser fidalgo;
logo, foco toda minha atenção no Seu falar,
(para tê-LA, a Escada de Jacó agora galgo),
ouço-A dizer a sorrir: 'que venhas me amar!'.
Moacir et Selena 2006
brilhe a vossa LUZ!
OTELO - Agora, pelo céu, sinto que o sangue começa a dirigir-me o entendimento,
e que a paixão, já tendo obscurecido minha razão, procura arrebatar-me.
(Ato II cena III em 'OTELO, O MOURO DE VENEZA' de William Shakespeare)