Tempestade

Uma única gota de lágrima contém

O universo do que não se tem.

Quando ela escorre na fruta do rosto

E lambe a língua com sabor de desgosto

A alma cristaliza e ela desliza decisiva

Como água e óleo separada da saliva

Encharcando o tapete mágico da boca

Que se contrai como uma cobra louca

Para ajudá-la em fraterna eutanásia

A explodir contra a estalactite da garganta.

O irracional se molha e a razão amásia

Recolhe-nos, seca, agasalha e levanta.

Nesta tempestade que mata e é santa.

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 11/05/2009
Código do texto: T1586972
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