Tempestade
Uma única gota de lágrima contém
O universo do que não se tem.
Quando ela escorre na fruta do rosto
E lambe a língua com sabor de desgosto
A alma cristaliza e ela desliza decisiva
Como água e óleo separada da saliva
Encharcando o tapete mágico da boca
Que se contrai como uma cobra louca
Para ajudá-la em fraterna eutanásia
A explodir contra a estalactite da garganta.
O irracional se molha e a razão amásia
Recolhe-nos, seca, agasalha e levanta.
Nesta tempestade que mata e é santa.