Loucuras do amor

O murmurar das águas reconforta,

Enquanto a dor se passa.

O ir e vir constante de ondas,

O amor que é uma farsa.

Aqui jazem pedras negras,

Onde repousa o meu corpo cansado.

Tanto sofri por sua conta,

Que meu peito está pesado.

Sua vida tanto me importa

Que estou onde agora estou.

Ainda te amando, mesmo quase morta.

Pois fui louca e ainda sou.

Cerrei os olhos e nada mais vi,

Pois nada mais tinha para ver.

E algo ressoava em minha cabeça:

O dia tornará a aparecer.

E as pedras negras sob mim,

Vibravam com o requebrar das ondas.

A água tão límpida e clara,

Uma imensidão azul sem fim.

Amei-te por tanto tempo,

Porque isso aconteceu a mim?

Encontramos-nos sobre a ponte,

Porque tudo terminou assim?

Nada mais importa.

Pelo menos você está livre,

De meu amor doentio,

De minha mente morta.

E eu te perdôo,

Pois te amo demais para culpá-lo.

Eu digo que foi um acidente,

É mais fácil se for desse modo.

Você se vê livre,

Eu, infelizmente, também.

É bom para você assim?

Prefere me deixar, meu bem?

Então foi isso:

Você não me empurrou da ponte,

Eu tropecei e caí.

Você ouviu um baque forte,

E ao invés de entrar no carro e sair,

Foi ao parapeito e tentou me salvar.

Porém já era tarde demais.

Agora não estou mais com ti.

Sem mais preocupações,

Com meus deslizes, em frente aos amigos,

Minhas risadas desafinadas demais.

Meu jeito de ser (desafiador),

Minha voz que lhe causava dor.

Meus olhos pequenos,

Minha boca grande e faladora,

Não são mais teus.

Nem minha loucura,

Que tanto o afligiu.

Pois fui louca enquanto durei,

Mas agora isso sumiu,

E eu te libertei.

Vá para casa, saia depois.

Encontre a pessoa perfeita,

Se essa lhe existir,

E a faça eleita,

De seu coração e seu sorrir.

E a leve para a cama,

Onde a morta agora se deita.

Pois nunca o deixarei,

Não importa onde esteja.

Fui louca e ainda sou,

Pois o amo donde estou.

Seu amor é uma farsa,

Mas meu coração roubou.

E não o deixarei um segundo,

Pois fui louca e ainda sou.