Entrelinhas
Me protejo contra a reação dos meus medos profundos,
encubro meus olhos perdidos em seus medos idílicos,
busco um desvio de dores tortuosas sem cores,
contenho os sentimentos que explodem sem controle,
represando um mar bravio nas rachaduras do concreto,
colando com superbonder a fechadura do baú,
no giro de uma chave quebrada no cobre do portal,
meu amor é o silêncio de um mármore em brasas,
o grito de um mutismo declarado na pena de um tinteiro,
nos acordes de um violino tocado para uma surda audiência,
o coração finge não ser um catalizador de experiências,
dramatiza Hamlet no diálogo com o crânio da morte,
esfacelando o espelho de cristal que restara da sorte...
Sou seu mistério particular apaixonado sem sinalizador,
num oceano noturno de dúvidas ancoradas em icebergs,
deixei minhas impressões nas muralhas da China,
fortaleza para todas as palavras engajadas numa cruzada,
resguardada pelas espadas de um reino antigo desaparecido,
lendas de um tempo de guerras e paz, cavaleiros e damas,
sonhando segurar sua mão no baile de uma Corte no castelo,
como um plebeu falseando uma origem nobre em uma dança,
segurando suas mãos num primeiro-último instante infinito,
num entremeio de realidade e ficção onde me revelo inteiro,
oculto pela sombra da metade de uma vela apagada no candeeiro,
evitando velhos erros em cada fagulha de emoção e desejo,
expressos no "eu te amo" disfarçado em entrelinhas de carinho...