Diáspora
Fecho meus olhos e toco seu rosto,
porcelana delicada de raro valor,
diamante em pétalas que voam pelo ar,
sinto seus arrepios em vulcões acordados,
em silêncio sorrio a cada contorno,
na memória suas linhas de expressão,
cada ponto reverberando alto em mim,
abalos sísmicos em terremotos emocionais,
suspiros incontidos na leveza da intensidade,
diáspora revolta de sentimentos misturados,
sopros de vitalidade em seu olhar desconfiado,
veludo adocicado em forma de voz que acaricia,
dentes mordendo lábios inferiores em ato lascivo,
arranhões espalhando-se em formigamentos da libido,
sensação de entrelaçamento de idéias e corpos,
encontro de almas separadas no desfiladeiro do destino,
pulsações sem controle na marcação de um multímetro,
veias abertas em um fluxo de devaneios sem rumo,
suavidade percorrendo os traços de suas tatuagens,
símbolos em movimento cadenciado e ritimado,
perfume que deixa um lastro de desejo, paixão e ciúme,
vontade de mais bem querer em incandescente calor,
chama que queima e dissolve o aço em gotas de suor,
divulga sons em gestos contorcidos de agonia e êxtase,
ritual de celebração a cada respiração ofegante,
criação artística de uma exposição particular,
onde só nós dois nos entendemos sem palavras...