Ao amor que está tão longe...
Ao amor que está tão longe,
Leva vento outonal, o meu recado:
- Minhas mãos estão frias;
Lágrimas incontidas rolam
Suavemente por meu rosto;
Minha voz perdeu a melodia.
Minha alegria: quem a terá roubado?...
Sou frágil barco de papel
Efêmero como todos os sonhos de criança...
- Quisera eu voar!
Bater em tua janela, alegrar,
Teus olhos que, por vezes, são tão tristes!...
Gostaria de ouvir teu riso novamente!
Povoar de sonhos tua vida
Na alegria, ser-te eu, guarida
Em pleno vento outonal...
Ler-te, como se lê a mente
De um eterno sonhador...
Falar-te em voz suave e macia
E, com mãos de veludo, acariciar a tua fronte,
Coroando-te como dos sonhos o meu príncipe...
Acolchoar o chão por onde pisas,
Perfumar a cama onde dormes,
Levar-te o café, todas as manhãs...
Ser-te apenas oferta, sem nada pedir...
(Ah! Esta distância me castiga
E, ao mesmo tempo, me fascina
Ante a expectativa de que um dia virás...)
- Vento! Leva o meu recado
Ao amor que longe está!...
- Mas toca-lhe de leve, suavemente,
Como se fosse meu beijo
Ou meu sussurrar...
Para que ele saiba que quem lhe envia este recado
É aquela que nasceu para o amar!...