O PALCO DA EMOÇÃO
A poesia é o lenitivo da alma. O palco da emoção.
Onde mesmo sem lembrar de mim,
invade-me o pensamento e alforria toda a agonia
do tempo que anda, sem nunca chegar ao fim.
Beneficência, ou maldição em sons e cores,
que quando não crio, saio em busca do mesmo modo,
ainda que de outra mão, outra mente, outro coração.
Como se bálsamo fosse pra colocar fim às minhas dores,
leio e releio dezenas, centenas por dia! É minha adoração!
É mais do que um prazer, é um vício que não
consigo largar. E os sons dos versos são os senhores
que nasceram pra me libertar, ou escravizar.
Mas, eu preciso ouvi-los, criá-los, senti-los e vivê-los
em toda a intensidade da estória. Até percebê-los entranhados
de verdade, em minha alma, cinzelados em meu peito,
gravados em minha memória...
E quanto mais eu sinto minha dor aumentar, menos
eu quero a poesia parar.
Quero que essa dor absorvente e que não passa,
saia dos meus mais secretos guetos, se depure do meu corpo,
e comovente, em meus olhos se liquefaça, alcance minhas mãos
e morra em meus sonetos.
Que as rimas e prosas tragam-me a calma, libertando-me
desse desatino que é sentir doer-me toda a alma e todo o corpo,
reservando-me o direito de traçar o meu próprio destino...
Ainda que em franca quimera!
E que os nossos amanhãs todos empenhados nesse frágil instante
da vida, possam ser redesenhados pelo pincel ágil do amor...
para serem eternizados... no palco da emoção.