Desesperanças...
Esmeraldas,
Diamantes e rubis
Bordam-se em longo e fino manto...
Inscrevem-se também no véu que cobre
Minha nudez e transparência...
Folhas secas guardadas dentro a um livro...
Um telegrama amarelado pelo tempo...
Uma foto de um rapaz...
Há um enorme muro, erguido para sempre,
Entre teu coração e o meu...
Pérolas descem pelo rosto; e meu cabelo
Reflete a prata desta lua de cristal...
Ontem,
Cabelos negros, como puro ébano,
Desciam macios... Eram teu fanal
Porque brilhavam em todo o seu negrume
Refletindo estrelas de modo sem igual...
- Fugidia imagem que jamais me deixas
Teu sorriso me encantou...
Me fascinou... Me enfeitiçou...
Hoje,
O manto é longo e fino é o véu
E não há brechas no muro que se ergueu
Pelo destino
E que tenta afastar, desesperadamente,
O meu coração do teu...
Instalou-se a saudade e a desesperança...
O bordado desmancha-se como em rota linha...
As pedras todos já desaparecem!
Apenas pérolas dos meus olhos rolam...
Teço lembranças nesta noite morta...
Tricoto sonhos com agulhas de ouro...
- Mas a lã de prata se rompe
E o que teço logo se desfaz!...
Cubro-me de negro. A noite me engole,
Vago qual fantasma a correntes preso...
- Sou a imagem da desesperança...
E,
Ironicamente,
Um dia
Eu fui
Esperança...
A coruja faz seu barulho agourento...
Corvos me rondam... Mas eu já não sou.
Eles não mais me amedrontam!...
Talvez eu faça um belo par com a coruja
Contando tudo o que se passou...
- Perco-me nesta noite estéril...
- A noite sou...