Desejaria relaxar os tensos sentidos,
guardar as armas e baixar o escudo.
Ao invés do enfiar-se
no competitivo combate
pelos bens do cotidiano,
mergulhar os olhos cansados
no olhar feminino
que convida para a paz.
Afastar-se de tudo
para se aproximar dela
e das emanações do seu corpo.
Tomá-la nos braços,
abraçando-a, retirando-a do mundo,
tomando-a para si.
Entretanto, o viver cotidiano
enche de escombros
a ponte do relacionamento.
São inúmeras preocupações,
um rosário de conceitos,
a prisão do comportamento.
Escravizado à expectativa
de vencer,
sempre pronto a colocar
indesejável armadura.
Fosse o poderoso leão,
ainda assim carregaria
a sombra do jumento
e sua pesada carga.
Por isso, são muitas
as muralhas erguidas,
são umas tantas outras
trincheiras cavadas,
e uma única cova,
onde se enterra
o próprio coração.