Última Viagem
É noite, moço,
Já no fim da viagem
Eis aqui minha bagagem,
Faça o que lhe aprouver:
Águas-marinhas,
Cansadas
De paisagens e rostos
De sóis e de luas,
São suas, são suas...
Um rubi
Jóia mais bela,
Que se abria qual janela
Entre sorrisos e beijos,
Deixo-o embrulhado em desejos...
Lenços brancos,
Já puídos de afagos e carícias,
São seus.
Guarde-os encardidos de adeus...
Flores secas, Já sem vida,
Plantadas neste meu peito,
Arranque-as no próximo eito.
Não as precisa regar...
Uma colcha de retalhos, enrolada entre coxas
De suspiros
E gemidos,
Não precisa remendar.
É tudo , moço,
Que lhe deixa
Esta velha companheira...
Mas a alma, moço,
Deixo não...
Ela vai comigo inteira.