Última Viagem

É noite, moço,

Já no fim da viagem

Eis aqui minha bagagem,

Faça o que lhe aprouver:

Águas-marinhas,

Cansadas

De paisagens e rostos

De sóis e de luas,

São suas, são suas...

Um rubi

Jóia mais bela,

Que se abria qual janela

Entre sorrisos e beijos,

Deixo-o embrulhado em desejos...

Lenços brancos,

Já puídos de afagos e carícias,

São seus.

Guarde-os encardidos de adeus...

Flores secas, Já sem vida,

Plantadas neste meu peito,

Arranque-as no próximo eito.

Não as precisa regar...

Uma colcha de retalhos, enrolada entre coxas

De suspiros

E gemidos,

Não precisa remendar.

É tudo , moço,

Que lhe deixa

Esta velha companheira...

Mas a alma, moço,

Deixo não...

Ela vai comigo inteira.

Emília Casas
Enviado por Emília Casas em 08/05/2009
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