CAVEIRA PÓSTUMA
O fundo do poço é o meu lugar,
no fundo do poço a indigência moral
suprimiu do meu rosto a expressão, não há
caminho ou mudança a seguir, mal
aguento olhar no rosto do semelhante,
devo seguir, sem dor ou miséria a lamentar adiante.
O que posso fazer para que acredite
cheguei ao fim de toda a esperança?
nenhuma oportunidade se apresenta
estou no limite, toda aventura afiança
a agonia, o sol ao cruzar o céu mostra
a face do anjo da punição zombando
da queda que me zerou o passe.
Onde os assassinos guardam os olhos,
eu te espero vagamente encarnado,
nem os mosquitos de alumínio me encontram, um bocado
de mentiras sustenta a fuga antes que o ferrolho
nos separe de vez, eu na cadeia
tigre sem forças agonizando entre hienas,
e você sem peia.
Devo levantar armado de esquecimento e tristeza,
criatura da noite meu passo atabaca
anjos possuídos na escuridão, veja
como sofre o cão que me acompanha na derradeira barca
pelo pântano cujos répteis expelem chamas
e os pirilampos gigantes envenenam
piscando a radioatividade
que reduz minha alma a caveira póstuma ao drama