PRA MINHA MÃE
Lembro bem dos tempos de criança,
tempo em que tive toda atenção na vida,
tempo eu que fui o centro do mundo,
tempo em que tive você onipresente e onipotente só para mim e nada mais.
Dependia de você para tudo, até para o que não sabia,
anjo da guarda que cuidava também da minha sombra,
a minha luz, meu cheiro, meu gosto predileto, o meu ninho mais especial.
Hoje muitas dessas imagens estão nubladas pelas chicotadas de todos dias,
hoje não consigo mais sentir todos esses encantos como naquele tempo tão feliz, que pena,
hoje tento cavocar esses sons e muitos vêm nublados e fugidos.
Porque os anos foram correndo, tive que crescer, tive que virar também um pouco mãe e muito pai. De você, inclusive.
Mas, dentro de mim, uma chama ainda conserva o seu vigor, a sua razão de ser, ainda tem uma importante fatia daqueles distantes tempos de criança, certamente a sua melhor fatia.
E hoje, mesmo com toda estrada percorrida, é no seu colo que vou encontrar abrigo quando perco o meu chão, quando meus sonhos são destroçados pelos caminhos errados dessa vida, quando tudo fica torto, fica azedo, vira do avesso.
Por isso, agradeço a Deus por você ter ficado sempre do meu lado, segurando meu frágil corpo nos primeiros passos e sendo cúmplice fiel nos meus primeiros e tantos tombos que tive e que continuarei tendo até sempre, com toda certeza.
Reconhecer que você me colocou nesse mundo é muito pouco.
Você gerou o meu rumo e continua sendo a guia presente, querida e cada vez mais forte, cada vez maior, cada vez mais viva.
Obrigado, minha querida e tão especial mãe.