"Quando a noite chega ..."

Quando a noite chega

E toda a luz se vai,

Eu me deito.

À minha volta também

Todos os sons se calam.

Ai repercute dentro em mim

Seu grito então,

Seu eco ressoa;

Retumba como gotas de chuva

Caindo sobre o teto

De minha casa vazia,

Meu coração só.

A falta de tua presença

Deixa-me assim,

Sem palavras;

Um calar profundo.

Assim como sem ter onde pisar,

Um abismo real.

Minhas referências para o espaço se vão,

Não são astros e nem estrelas,

Mas uma eterna subserviência

À tua imagem perdida.

Ao não te ver assim,

Penso no amor

Que estás a comigo morrer

Na paz que meu ser deixa de ter.

Em nós, perdidos e incertos;

Papel velho lançado pela janela,

Que o vento espalha,

Que o andante pisa,

Que a chuva molha,

Que a razão descarta.

Esse destino que corre

Ao nosso encontro,

E que nós não queremos encontrar,

É mensageiro de uma

Esperança morta,

Jardim em que seu último

Espécime já não está.

Essa porta que se assoma

E que não queremos adentrar,

Diz-me uma frase como epitáfio:

“Aqui o amor jaz”.

Eu volvo meu olhar

Por sobre o passado,

E me lembro de

Quão belo era divagar,

Sonhar,

Ter você em meus braços,

Um pra sempre não acordar.

Ah, este amor que me consome;

Intenso, denso, cruel,

Sem futuro, sem elo, sem você,

Que invade minha vontade

E anula meu querer,

Que me prende e enlaça

Feito noite ao entardecer.

Paulo Peter Poeta
Enviado por Paulo Peter Poeta em 17/05/2006
Código do texto: T157964