O susto e o Menino
Edson Gonçalves Ferreira
O Menino estava na minha cama, ontem
Pulava feito um macaquinho
Perguntei-lhe o que fazia ali
Se sua mãe Maria sabia onde estava
Olhou-me de banda e sorriu
Devolveu-me a resposta como pergunta
Queria saber se eu estava preocupado com meu irmão
Sim, porque ele ia operar no outro dia,
Respondi que sim e Ele só sorriu
Leu o meu coração e me contou sobre os poetas portugueses
Explicou que eu serei muito feliz ao lado deles
Sorri, retribuindo e falei para o Menino que eu já sabia disso
Foi, então, que Ele começou a pular mais forte na cama
Chamei-Lhe a atenção, porque minha cama não é de ferro
O Menino, olhando dentro de mim, falou dos aniversários
Da Edyth, da Susana, da Maria Angela, da Marta, da Nirma
Da Vera Prado, da Carolina Guimarães e do meu...
Fechei a cara e falei que, agora, não posso comemorar o meu
Estou com as "burras fechadas", Menino
Senão não posso viajar
Dinheiro anda curto
O Menino sorriu, enquanto isso o telefone tocou
Meu irmão operou e tivera uma alta de pressão e uma hemorragia
Levei um susto enorme, quase me descontrolei
Liguei para o hospital, meu irmão atendeu o telefone
Explicou-me que a pressão já baixara
E, então, fui engolir alguma coisa para ir trabalhar
Olhei para a cama e vi que o Menino adormecera
Ele já me falara que nada iria acontecer
E, agora, enquanto eu trabalho
E corre por entre as mesas
E pergunta por vocês todos do Recanto
Manda um abração para todos
E um especialíssimo para o Miguel e a Malu e para a Susana
Extensivo, é claro, a todos que me aguardam lá
Na terra dos meus avôs.
Divinópolis, 06.05.09