O Sol e a Lua...
Eu sei que as estrelas dançam ao redor da lua...
Mas a Lua é sempre solitária...
- E a Lua é a eterna amante do Sol!...
E o Sol talvez a ame, mas por destino,
Encontram-se apenas nos eclipses...
- Breves instantes para tão grande amor...
Enquanto a lua flutua, pálida e triste,
O sol brilha no arrebol...
Aquece outras paragens que não são à noite...
Enquanto um suspiro, pálido, afoite,
Escapa desta lua que no céu flutua...
Amada?... Suave, só e amargurada...
- Como meu destino de mulher apaixonada...
O canto da lua é como o meu,
Solitário...
Ímpar e sem par...
E assim eu teço a teia desta vida
Que por demais me pesa vendo este luar...
E enquanto assoma esta tristeza enorme,
Dormes...
- Outras companhias alegram os teus dias...
E em tuas noites tu não ficas só...
E em minha cama vazia, fico a te esperar...
... Embora saiba que tu não virás...
Em vão te espero como a Lua ao Sol...
- Mas os eclipses são tão demorados...
- Terão ainda sabor os beijos que te esperam
Se um dia, por acaso, tu voltares?...
Em vão tento apagar a chama deste amor...
Gostaria de estar...
...Muito longe daqui...
Mas... Teus braços ainda me querem?...
Os meus espinhos por demais te ferem?...
- Por que aqui eu ainda estou?...
- Qual é o motivo, Senhor, deste castigo?
Olho para trás... Tanto já passou!...
Olho para frente: ainda esperarei?...
Sou como pássaro triste e solitário
Que para longe voôu...
- Que espero?... Há tantos ventos de desesperança...
E é tão pouco o que a mim sobrou...
Quanto tempo me resta? O Anjo da Morte,
Sinto a rondar-me, ele por mim passou...
Enquanto pálida, no céu flutua,
A Lua imensa em seu esplendor
O Sol aquece outras maresias
E eu já não sei para onde vou...
Escrevo poesias... A tinta é dos meus olhos
Pois são as lágrimas que as aqui gravou...
...E ele passa seus olhos, distraído,
(É luminoso Sol, luz e calor!...)
Pelo que escrevo... Será que sentirá
O tamanho imenso desta imensa dor?...
Tem tanto o que brilhar em outras plagas!
- Que valor terá para ele o meu amor?...
Resta-me agora deitar no chão macio
Que regarei com lágrimas, rompendo o fio,
Que me limita neste corpo, humano...
(Prisão limitante... Com o tempo, humilhante...)
Vou ficar quieta, atenta, a esperar
O Anjo da Morte que virá passar
E rogar-lhe em sentida melodia:
- Leva-me contigo! Meu tempo terminou!...
E
Um dia
O sol banhará a lápide branca
Onde meus ossos lá descansarão...
E o sol verá que não há mais tempo...
Mas certamente, não me seguirá
Nem sentirá a falta do meu puro pranto...
E nem por mim sua lágrima derramará...
O sol tem seu curso organizado!...
- E eu sou só o reflexo da lua
Num manso lago...