A Bela da Noite
 
Noite. Já vai madrugada,
perfil de mulher.
As pálpebras se cerram
em movimento felino .
O cérebro exausto
recebe consolo do coração.
Fechado para o mundo,
ganho olhos de ver.
Minha imaginação
se abstrai em voo errante.
Assombram-se ares feminis,
invadem os sentidos.
O toque... um suave perfume...
e a memória se aviva.
Desenho um sorriso maroto nos lábios.
Pressinto que um olhar
me vigia e me guarda.
São olhos a brilhar
como que preciosas jóias,
São olhos que me chamam,
que em silêncio pronunciam o meu nome.
Presença oculta,
musa de verso ainda por surgir.
Anda pelas trilhas do coração,
e canta uma cantiga,
e murmura uma poesia.
É liberta, é posseira,
está porque quer estar.
Oculta-se em seu manto de cabelo,
É seu adorno, mas é ela mesma
seu maior adorno.
É bela, e ponto.
Nada acresce, nada diminui.
Pintura viva, escultura com alma,
espírito para as letras.
Comunga os músculos da paixão,
com as virtudes altivas da alma
para transcender em encanto. 
Para bater a porta, entrar mansa,
e fazer morada no coração.





Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 05/05/2009
Reeditado em 08/07/2009
Código do texto: T1577806
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