Noites Sem Fim
 
Há quem vague
por uma noite cigana.
E esconde seu mais íntimo desejo,
como se o guardasse
por detrás do luar.
Há quem se utiliza
de palavras de amor,
para depois se fazer fugitivo,
e se ocultar.
Há quem fuja das próprias emoções,
tornando-se distante,
vestindo-se de inatingível,
quando em verdade
desejaria compartilhar.
Há quem engane, e engane-se,
com um sorriso bordado,
fingindo satisfação,
mas que, quando só,
perde a razão
e tem vontade de se matar,
para depois sucumbir ante a sensatez,
e fazer-se vivo,
e querer muito viver.
Muitos são os viventes 
que sonham na solidão,
que gritam em seus silêncios
suas dores contidas.
Que constroem fortalezas
com os escombros dos seus corações,
onde pronunciam palavras que,
de tão amargas,
se fazem impróprias.
E então vivem caladas
ante portas fechadas,
com trancas e cadeados,
pois causam vergonha.
Melindram o pudor,
pois que não são palavras,
mas versos caóticos,
letras solitárias
que perderam o sentido.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 05/05/2009
Reeditado em 29/07/2009
Código do texto: T1577642
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