Do Jardim do Édem Ao Rio de Erón
Você anda pelos jardins
Vê pessoas felizes, muitas
N'um galho chora um querubim
E ao teu lado, as flores murchas.
O céu parece o fim
O vento corta-lhe a visão
E todo o peso do jardim
Está no teu coração.
Tenta esconder o pranto
Mas o velho pássaro já soube
Canta-lhe um antigo canto
Dos que hoje não se ouve.
Já não me canso, pois agora
Vi meu fim, então aguardo
Não maldirei sobre a demora,
Não voltaremos mais ao quarto.
As folhas já não são verdes
O jardim se faz deserto
E já não vejo mais nada
Do que eu via aqui por perto.
Me vejo, então, caído ao chão
Já não ouço nem mais um pio
Me roubaram também a visão
E num instante, bóio n'um rio.
(Aos 26.11.08)