A BORBOLETA E O QUERUBIM
O querubim menino esperava na porta
E a borboleta flutuava pelo corredor
Soberana em tecidos coloridos
Do silencio só restou tremor
Entre beijos ao quarto penetraram
Querubim de sonhos místicos
Borboleta de perfumes cítricos
Ficaram assim
Um sobre o outro que nem viram o fim
A borboleta e o querubim
Anjos num mesmo lençol
Deixando marcas e manchas
No cetim
Apaixonados e perdidos
A borboleta e o querubim
Ela bela
Ele fera
Borboleta manhosa
Fez do anjo o que bem quis
Querubim safado
Sobre as asas dela
Fez-se homem
Ainda que alado
Lambuzaram-se de prazer
Por todo um dia
Deixaram sobre o nobre leito leve candura
Sem perdão nem trégua
Só amor... Só loucura
E o que dizer desse querubim?
Que o mesmo repousa a espera da borboleta
Que ao cair da tarde bateu asas
Voou...
E mesmo que a janela aberta sopre o vento frio da solidão
Para os braços do anjo
Ela ainda não voltou!