AO MAIOR AMOR DA MINHA VIDA

Escrito para minha esposa

Eu andei pelo vale e vi

Eu não queria ver, mas vi!

Por mais que eu não quisesse ver

Por mais que eu rejeitasse aquele quadro

Eu vi, não gostei, mas vi!

Há muita coisa no mundo que ninguém deseja ver

Que ninguém deseja passar

Mas, às vezes é preciso ver

Sim, pelo menos na sua imaginação vê.

Aquilo que nós não queremos

Às vezes precisamos experimentar.

É como um sentimento antigo

Que está gravado em nosso subconsciente.

Desde criança ele existe

E, quando adulto, por nos comportarmos

Como uma criança, ele aparece!

Então nos parecemos a crianças

Com aqueles pesadelos de ser adulto

Ou então, com aqueles pesadelos de adulto:

De que nunca mais seremos crianças

O fato é que eu vi!

Era uma tarde quinta-feira

Eu nem via sol, nem chuva

Havia vento, não muito, mas havia

O cheiro da terra

Oriundo da terra molhada

Da chuva da noite anterior

Invadia as frestas

Das janelas do meu quarto

O som confuso de um velho TV preto e branco,

Consertado às pressas, confundia-se

Com a voz barulhenta de pardais

Que se aninhavam junto ao beiral

Eu então olhava e via!

Eu não podia sequer imaginar

Mas fato é fato, e eu vi!

Eu parei, contemplei, aí então eu vi!

Eu pude ver o que há tempos não via

Oh, estas cenas são um grande pesadelo

A tristeza nos invade o coração

Fazendo-o palpitar bem à moda antiga

A saudade se mistura dando uma

Atmosfera de caos ao ambiente

E, de repente aquele sentimento

Que parece vir de um delírio febril!

Mas não era ilusão, era verdade

Eu via e sentia aquilo que tanto temia!

É como se uma andorinha de repente

Precisasse migrar antes do inverno

Atrasada e, sem direção, ela sai

A procura de outras

Que se perderam no mar

Eu vi tudo e compreendi

Embora não tenha aceitado

Eu compreendi: eu estava só!

Esse era o quadro: eu sem você.

Era o que eu temia

Era o meu pesadelo sendo vivido

Eu sozinho, você longe de mim!

Eu queria dormir agora

Pra ver se acordava

e não via mais o que vi

Eu não consigo esquecer

Mas eu não quero lembrar

Porque sem você eu esqueço até de mim

Portanto, eu acordo e como criança

Eu pulo, e de alegria eu canto

Pois tudo foi um sonho

e você está aqui ao meu lado

Na minha cama

E nunca poderá fugir de mim

Pois mesmo que você fuja

estará sempre comigo

Nos meus sonhos de criança

E nos meus pesadelos de adulto

Ambos tão ingênuos que pensam que eu posso viver sem você

djalma marques
Enviado por djalma marques em 16/05/2006
Reeditado em 05/01/2010
Código do texto: T157437
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