Minha paixão...

A paixão me fez demente, insana...

Meu dia é feito de tardes ao poente

- Hora mais triste do dia...

É o claro-escuro que se irmana,

Mas como são diferentes...

E esta saudade crescente

Coloca-me frente a frente:

Vejo-me no grande espelho da vida

Desnuda,

Desnuda e só,

Ante a dor inclemente

De um sonho por demais sonhado

E perdido...

Que só vive no passado...

Cada vez o tempo é menos...

Meus braços seguram remos

E num pequeno barquinho,

Nele, me lanço ao mar...

Ou melhor, ao “grande rio,”

A última travessia...

Não trouxe moedas ao barqueiro!

Terei de atravessar apenas com meu frágil barco

E meus remos...

Mas, logo ali, há o “Mar Tenebroso”,

E depois a queda ao Nada...

E serei desaparecida e esquecida

Porque minha paixão me fez insana...

Insepulta,

Andarei por estes campos de batalha

Recolhendo os que morrem de amor

E guiando-os para um Plano Superior...

Mas eu serei castigada

E ficarei vagando sem descanso

Entre vivos e mortos

Porque amei

Demais...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 03/05/2009
Código do texto: T1574104
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