Minha paixão...
A paixão me fez demente, insana...
Meu dia é feito de tardes ao poente
- Hora mais triste do dia...
É o claro-escuro que se irmana,
Mas como são diferentes...
E esta saudade crescente
Coloca-me frente a frente:
Vejo-me no grande espelho da vida
Desnuda,
Desnuda e só,
Ante a dor inclemente
De um sonho por demais sonhado
E perdido...
Que só vive no passado...
Cada vez o tempo é menos...
Meus braços seguram remos
E num pequeno barquinho,
Nele, me lanço ao mar...
Ou melhor, ao “grande rio,”
A última travessia...
Não trouxe moedas ao barqueiro!
Terei de atravessar apenas com meu frágil barco
E meus remos...
Mas, logo ali, há o “Mar Tenebroso”,
E depois a queda ao Nada...
E serei desaparecida e esquecida
Porque minha paixão me fez insana...
Insepulta,
Andarei por estes campos de batalha
Recolhendo os que morrem de amor
E guiando-os para um Plano Superior...
Mas eu serei castigada
E ficarei vagando sem descanso
Entre vivos e mortos
Porque amei
Demais...