Poema 0693 - Depois do café da manhã
Deixa minha paz com a paz que o amor me deu,
devora a vida como a vida te faz,
quero o vermelho em todas as palavras que escrevo,
não agradeço aos deuses, celebro meu dia,
abro o trânsito para outras vidas retornarem.
Quero me assombrar a cada instante com o tanto de amor,
que nada seja sublime ou rico demais,
nem as preciosas declarações escritas dentro do corpo,
nada é contínuo, nada é demais na paixão.
tudo é líquido, tudo é sólido, tudo evapora.
Voltarei a ser criança como noite passada,
quero o fluorescente dos seus olhos nos meus,
excitar pelo belo, pelo perfume do seu sexo,
perder-me, fazer-te perder noite afora,
não vou amanhecer no tempo certo, espero a lua na cama.
Em um breve pedido, vou beijá-la, beijá-la mais vezes,
tenho a eternidade para não esquecê-la,
o dia para me apaixonar, a noite para te amar,
quero ser a criança que brinca, o homem que toma,
o pássaro que voa com e além dos seus delírios de menina.
Sou o fruto maduro da árvore que nasce a cada manhã,
depois do amor, depois do beijo, depois apenas de sonhar,
vem ser companheira neste nascimento diário,
abrace o hoje que te ofereço, é quando careço do seu sim,
não agradeço ao amor que me deu, e sim o que tenho.
Ainda sonho com as palavras sem ponto final,
as linhas sem vírgulas que as separam, é amor,
assim te amo, como sempre livre para um sempre só meu,
que dure um dia bem longo ou uma vida eterna,
tão longa que seja quanto ao desejo dos seus desejos.
Da paz que parou diante dos meus olhos apaixonados,
deixo ser inseparável a forma inteira que nos amamos,
um novo como se a vida começasse hoje depois do café,
na noite o beijo de despedida e ficamos até ao amanhecer,
depois amor, depois deste sempre, depois de todos nós dois.
16/05/2006