MOÇA QUE PASSA...
Moça que passa
dê-me uma frase que
lhe darei um poema.
Meus versos são brancos,
sem contornos e sem rima,
são frágeis e sem metrificação.
Combinam, porém,
com seu olhar de menina
acriançada e desprotegida...
Moça que passa quem nos braços te enlaça?
moça que passa
de sorriso e graça
e pele aveludada.
Seus cabelos são cor de mel,
seus passos são divinais...
Seu olhar enfeitiça e atiça...
Quando você passa
faz sofrer toda mulher
dos viventes anônimos
desta minha rua sem cor.
Moça que passa
Fala-me onde se esconde
quando não passa.
Minha deusa da beleza
leve este mísero poema,
deste perdido poeta louco,
que voltou a ser menino,
depois que viu passar,
a moça que passa
todo santo dia na minha rua.