AQUELES OLHOS NEGROS
Ai meu Deus aqueles olhos!
Aqueles olhos ébrios
Olhos negros envoltos em uma face
Perdida com uma seriedade aguerrida.
Ai meu Deus aqueles olhos!
Olhos temerosos e convictos,
Que tanto terror inspiram.
Aqueles lábios doces como
Como o sabor da esperança.
Aquele corpo pequeno e fugitivo
Como as andorinhas que procuram
O sol de verão e fogem
Deste inverno vazio do meu coração.
Ai meu Deus aquele sentimento
Efêmero como todo prazer,
E que por ser supremo
Não acaba mais.
Deus me livre de um dia ver-te
Ébria, perdida, negra e temerosa.
Sabe Ele, que meus lábios,
Montes gelados.
Meu coração,
Eterna cordilheira.
Derreteriam-se ao calor desta erupção.
Deus me perdoe,
Se um dia te tendo perdi,
Se um dia querendo-te
Não insisti.
Agora sigo meu caminho
Como arvore seca
Sem esperanças de uma chuva de verão.