O Afeto da Brisa Noturna
 
Aflora a flor de uma nova primavera.
São olhos baços
que depositam lágrimas já esquecidas.
São lembranças distantes
de um tempo que parece inexistente.
E por ter um corpo julga-se vivo,
mas em espírito está longe demais.
Visita-lhe um ardente desejo de ir embora,
mas não sabe para onde.
E vê pela clarividência da alma
e pressente uma presença oculta.
Tenta se deter pela força da razão,
mas o sentimento é muito impulsivo.
Então se vê a tocar
com leveza os lábios
de sua musa inspiradora, sua mulher.
E esta talvez seja a única realidade
que o faz retornar ao árido cotidiano.
O tempo parece profundamente escasso
em contrapartida a seu passo contínuo.
E talvez por isso, em meio à linha
que desenha um sorriso,
existe um traço de melancolia.
E o coração se confunde
ao misturar tendências
de tristezas com outras de alegria.
E isso o torna nulo,
cheio de uma neutralidade defensiva
com relação ao mundo.
Quanto temor em escravizar-se à sedução,
pela beleza da imaginação e suas ilusões.
Mas como evitar as vozes da consciência
que insistem em ecoar estranha promessa?
Desprende-se dos interesses mundanos,
deixa o olhar se encantar
pelo brilho das estrelas.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 30/04/2009
Reeditado em 31/05/2009
Código do texto: T1568874
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