Manhã que Seduz
 
Uma manhã
que acorda preguiçosa.
Sente calor do corpo
acolhido pelos lençóis.
Uma permissiva lentidão,
o relaxamento dos músculos.
A passividade lhe domina
a força de vontade.
Declara ser dia de folga.
Desconecta o telefone.
De soslaio visita
as dinâmicas imagens
vistas através da janela.
Agora a madrugada
já é passado
e recolhe-se no tempo.
A voz do dia já emite
sons graves, está sonolenta.
No despertar das horas
surge renovado no horizonte,
os mágicos raios do sol
a colorir com vida
a paisagem.
Raios ainda tímidos,
mais calorosos
do que quentes,
mais afetuosos
do que apaixonados.
O verde das árvores
ganha claridade e brilho,
a umidade do orvalho
lacrimeja a molhar o chão.
Algumas folhas
se desprendem,
criando sutil movimento.
A natureza ganha vestes
de suave sensualidade.
Murmúrio harmônico
de muitos sons.
O brincar infantil
das várias notas musicais.
O terno encontro
das vozes graves
com as agudas.
Existe prazer em ser
parte integrante
daquele momento.
Deseja que aquela manhã
seja eterna.
Quer que aquele
agradável momento
nunca acabe.
Recolhe-se
num abandono premeditado,
despreza o calendário.
E sem ao menos arrumar a mala,
foge de tudo e de todos.



Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 29/04/2009
Reeditado em 07/07/2009
Código do texto: T1567061
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