A Dama e o Vate Na Avenida Paulista
A chuva caía serena do céu
lavando a Avenida que tem muita glória...
O povo corria por todos os lados
e os seres alados faziam história.
A dama que tinha os cabelos mais belos,
os olhos mais vivos, o riso mais ledo,
o rosto mais jovem e um colo tão farto
falava em infarto inda sendo tão cedo.
Sorrindo dizia palavras plangentes...
E eu via a discórdia no modo de olhar;
pois ela falava de um triste pregresso,
fazendo regresso da rua ao seu lar.
E a mim transmitia um desejo profundo,
num ato tão cândido, puro demais.
Eu sânie por dentro - um hostil tafulão
- falei com razão contra o mau satanás:
"O homem insensato que só pensa em si,
que traz muita vítima ao canto da Dor
por serem ingênuas, tolas... - não sei!"
Porém só falei das mentiras de amor.
A chuva, mais branda, lavava a Avenida...
E nós nos olhávamos fitos em nós:
os olhos nos olhos - que tudo falava
e tudo calava - diziam sem voz:
Dama:
Eu quero este efebo, poeta sensato,
sensível e dócil - eu o quero pra mim!
Meu siso dizia sem júbilo tanto:
- Você não é santo ou remido, sei sim!
Sentindo uma luta constante em meu peito
deixei que a donzela ficasse donzela
com suas carências de dama que vi,
mas nunca esqueci meu anelo por ela.
09/02/2009 1h30