Dois Seres, um Único Coração

Aquece a frieza que invade meu coração
com o toque de tuas mãos.
Consola-o com o teu afeto,
e que no tato esteja a vontade de tua alma.
E então tua alma haverá de tocar a minha
e a carícia há de ser afeto.
Serei rude raiz a sugar a seiva da terra
e tu, bela flor de pétala delicada.
Realizará meu ser masculino
e por gratidão realizarei tua feminilidade.
Seremos tão necessários um ao outro
que seremos felizes em união.
Parte de mim, serei parte de ti,
estando em ti estarei em mim próprio.
E sem nos possuirmos,
ainda assim seremos um do outro em espírito.
E o amor estará acima da paixão.
E os instintos evoluirão em virtudes.
E aprenderemos que a força da renúncia
nos integra ao amor do Todo.
Uma fonte de água pura lavará
o curso do rio das nossas velhas paixões.
O destino brincará de ser ocasional,
mas nos acharemos eternamente.
Haverei de encontrar em ti
a vulnerabilidade que desperta minha força.
E fortes em amor transformaremos
a atração em comunhão e encontro.
Pacificados nossos corações,
seremos antes que guerreiros, apenas justos.
E os justos não lutam pela luta,
mas combatem pela busca da verdade.
E essa busca será a grande inspiração a nos unir.
Andaremos pelos caminhos da Terra,
para depois as estradas das estrelas.
Seremos o sonho que prenuncia realização,
presente que quer a promessa.
Partes complementares de um único ser,
batizados em união divina.
E sendo um todo, haveremos
de amar nossas partes individualizadas.
A afinidade estará não na igualdade,
mas no equilíbrio das diferenças.
A harmonia não será desinteressante,
mas pacificação de velha guerra.
Saberemos que o caminho da virtude
consiste em transformar os pecados.
E almas nascidas puras pela ingenuidade
serão puras pela consciência.
E o senil desejo haverá de se verter
em inevitável encontro de nossas almas.
Adversários nas trevas, por fim,
nos encontraremos irmanados nas luzes.
E essa luz brotará de nossos corações.
Feridos, um dia emanaremos amor.
E por nada exigirmos do outro,
teremos a noção do quanto devemos a cada um.
Mas é abandonado o hábito
do débito e cobrança em prol
do prazer da gratidão.
Não mais o julgamento,
mas a sentença do perdão que leva à misericórdia.
Não mais o orgulho que separa,
mas a humildade que congrega, despojada.
E longe das culpas teremos reconquistado
o livre arbítrio por sermos maduros.
E pela misericórdia divina,
o aprendizado da justiça
pelas teias humanas.
E pela clausura em nossa humanidade,
a libertação das asas dos espíritos
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 28/04/2009
Reeditado em 18/09/2009
Código do texto: T1565414
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