MAS AQUELE ABRIL ...
... SE EU ACORDAR, TEREI MORRIDO,
SE EU ESQUECER, ESTAREI MUTILADA...
Uma palavra, uma imagem qualquer
ventos que entreabrem aquela vidraça...
... inusitada brecha no Tempo ...
um abril liberto surgindo deste Portal
o teu sonho e o meu, intactos
vinhedos de doces frutos
água na boca
sentidos aguçados arrepiando a pele
leve brisa trazendo aromas
a tua voz na distância
o teu silêncio
aquele beijo
" o instante que antecede o beijo... "
aqueles que fomos e não soubemos tocar
aqueles que persistem em seu universo solitário
sem corpo, sem cheiro nem gosto,
aqueles que teimam em permanecer
ainda que tanto nos tenha magoado nossa
humana fragilidade, meus tropeços... tantos!
assim, uma palavra, um ruído,
podem evocar, num relance
ainda e sempre, o mesmo ruflar de asas
a mesma inquietante teimosia de viver
um amor guardado na renúncia
o corpo do mesmo pássaro...
voando...
... num
calafrio...