Soneto do amor desvanecido

Louco amor que esgrima os sonhos de andorinhas,

Cortando os céus, em valsa, como a ilusão do encanto.

Louco amor talhado sobre o permanente pranto,

Suave como a espuma, cortante feito o branco.

Amor tão caro assim, metade corpo, metade lembrança em mim.

Deitado agora sobre o mar revolto é puro abismo tocado a espanto.

Requer amar com pura aceitação ao menor gesto da pérola intenção.

Atmosfera de arco e íris lavada de jasmim na fase rústica do fim.

Chove vazio retrato de erro milenário, o amor é louco e vário.

Carrega o olhar de limo vegetal perfumada de alecrim ao vinho.

Sujeito à febre sem carinho, é fogo espantoso devorando o ninho.

Pudesse agora o tempo aluvião distante redesenhar um novo encanto.

Com a nudez das doze fontes, brilhariam seios como diamantes.

Ó corpo do amor de gozo fulgurante, luz calma num dia radiante.

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